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Data: 14/06/2021

Altair Ribeiro de Sá, Amadeu Pina Vasconcelos, Jésus Frutuoso da Silva (Fizico), José de Souza Matos (Belê) "in memorian" e Nelson Ribeiro de Sousa são os romeiros agraciados com a Comenda de Santo Antônio do Boqueirão em 2021. A solenidade oficial de entrega das comendas ocorreu no santuário de Santo Antônio (igreja nova), na tarde desse domingo, 13 de junho, dia do santo. Em razão da pandemia de covid-19 (que interrompe as atividades presenciais pelo segundo ano consecutivo), somente alguns familiares dos homenageados estiveram presentes ao evento, que foi transmitido on-line pelo canal da Paróquia Nossa Senhora da Conceição no YouTube.


À solenidade oficial estiveram presentes o prefeito José Gomes Branquinho, a secretária Luciana Navarro (Cultura e Turismo), o vereador Paulo Arara (presidente da Câmara Municipal), o frei Geraldo d'Abadia (pároco da Paróquia Nossa Senhora da Conceição) e Argeu Lima da Fonseca (presidente da Associação dos Romeiros de Santo Antônio do Boqueirão – Arsab).

 

A Comenda de Santo Antônio do Boqueirão foi instituída em 30 de agosto de 2005. Destina-se a reconhecer e homenagear os romeiros que ajudaram (e ajudam) a fazer a festa e a manter a tradição religiosa da romaria, que completa 243 nos. Os agraciados – cinco por ano, sendo um "in memorian" – são indicados pela Prefeitura, pela Câmara Municipal, pela Paróquia Nossa Senhora da Conceição e pela Associação dos Romeiros de Santo Antônio do Boqueirão (Arsab). A comenda é entregue oficialmente no Dia de Santo Antônio, que é feriado municipal em Unaí.


ALTAIR RIBEIRO DE SÁ


Indicada pela Prefeitura, dona Altair considera-se uma "devota de Santo Antônio", assim como toda sua família e a família do saudoso marido. A sogra de dona Altair morreu no Boqueirão, no período da festa, e está enterrada no cemitério do distrito.


Anos atrás, a família de dona Altair vinha "de mudança" para o Boqueirão, depois de uma semana de preparação.


Pai, mãe, nove filhos, parentes, funcionários da fazenda vinham em carros de bois. Ela considerava toda aquela movimentação em direção à romaria uma "viagem inesquecível".


Fiéis devotos, ela e familiares tinham como primeiro compromisso (quando chegavam ao Boqueirão) ir à igreja pedir a bênção de Santo Antônio. Nos dias da festa, participavam de todas as missas, procissões e atividades realizadas.


Dona Altair recebeu a comenda das mãos do prefeito José Gomes Branquinho.


AMADEU PINA VASCONCELOS


Nascido e criado na Fazenda Canabrava, onde reside, Amadeu sempre participou (e participa) na realização da festa. A romaria de Santo Antônio é uma tradição em sua família (esposa, três filhos e cinco netos). Seu pai, Virgílio, foi folião do Divino Espírito Santo.


A família de Amadeu chegava ao Boqueirão em carros de bois, de cavalo, e até a pé, muitos cumprindo promessas. As crianças chegam na "charrefusca", metade charrete, metade fusca. A tradição da romaria é mantida pela família.


A lenha para a fogueira também é trazida pela família em carros de bois.


Indicado pela Prefeitura, Amadeu recebeu a comenda das mãos da secretária municipal de Cultura e Turismo, Luciana Navarro.


JÉSUS FRUTUOSO DA SILVA (FIZICO)


Nascido em Abadia dos Dourados, Fizico chegou a Unaí em 1960. Desde essa época frequenta a romaria no Boqueirão. Durante anos seguidos, montou acampamento no local, como fazem diversas famílias (de várias partes do noroeste de Minas, de Goiás e do DF) por ocasião da festa.


Católico fervoroso, desde a mocidade Fizico participa da festa, ajudando, colaborando, oferecendo prendas e fazendo doações. Devoto, fez várias promessas a Santo Antônio e sempre foi atendido. Segundo ele, isso se deve à força de sua fé.


Por essas e outras, Fizico foi indicado a "comendador" pela Câmara Municipal e recebeu a homenagem do presidente da Casa Legislativa, vereador Paulo Arara.


JOSÉ DE SOUZA MATOS – "IN MEMORIAN"


Mais conhecido como "Belê", o unaiense José de Souza Matos nasceu em 1931. Durante vários anos chegou ao Boqueirão, para a festa, descendo o rio de canoa. Casou-se com Amália Mota dos Santos e, com oito dias de casado, mudou-se para a chácara dos padres. Os objetos de sua mudança também chegaram de Canoa à chácara. Teve nove filhos. Faleceu em 24 de dezembro de 2006.


Durante a romaria, Belê servia às atividades da igreja: ajudava nas cerimônias religiosas, nas coletas, e tudo o mais que precisavam dele. Era o "guarda" da igrejinha (a antiga igreja do Boqueirão) nesse período e dormia na sacristia. A festa de Santo Antônio era muito aguardada por ele.


Belê foi indicado pela Paróquia Nossa Senhora da Conceição e homenageado "pelos enormes préstimos, esforço e orgulho para servir à igreja e a Santo Antônio". O frei Geraldo d'Abadia entregou a comenda a Gislene, filha do homenageado.


NELSON RIBEIRO DE SOUSA


Nelson Ribeiro de Sousa descende da família Salgado, uma das mais tradicionais na festa e romaria de Santo Antônio do Boqueirão. Moradores nas proximidades do distrito, os Salgado eram sempre os primeiros a montar barraca e acompanhar a romaria.


A chegada ao distrito, frequentemente, se dava por carros de bois. Vinham principalmente para pagar promessas e agradecer bênçãos alcançadas. Lutam para manter a tradição da romaria.


A honraria a Nelson foi concedida por indicação da Associação dos Romeiros de Santo Antônio do Boqueirão. Como mora em Brasília (DF), por motivo de força maior (relacionada a trabalho) não pôde comparecer à cerimônia, para receber a comenda. O agraciado foi representado no ato por Vera Santana.


COMEÇO DE TUDO


Tudo começa quando, ainda no século 17, "nobres" fazendeiros visitam a região onde hoje está situado o distrito do Boqueirão, em busca de terras para criação de gado. Conta a história (narrada pela professora Maria Torres Gonçalves) que a imagem de Santo Antônio fora levada para o local por José Rodrigues Frois, ou por um de seus filhos.


A imagem fora deixada sobre um toco de árvore, para marcar o local que possuía ótimas pastagens. Os fazendeiros teriam ido a Paracatu, a fim de providenciar ferramentas e alimentos, com a intenção de retornar ao boqueirão e construir moradas. Pessoas que passaram pelo local e depararam com a imagem do santo (ali, sem eira nem beira) imaginaram tratar-se de um milagre.


Outra versão narra que a imagem de santo Antônio teria sido roubada por escravos que, sem saber o que fazer com ela, deixaram-na sobre o tronco de uma árvore. A imagem fora recolhida e entregue à Diocese de Paracatu. Tempos depois, a mesma imagem teria aparecido sobre o mesmo toco.


O "milagre", então, penetrou no imaginário popular. Daí em diante, tiveram início as peregrinações e romarias. Uma capela foi construída no Boqueirão. De lá para cá, a tradição conta 273 anos de festa e romaria de Santo Antônio.


O distrito de Santo Antônio do Boqueirão fica a 44km distante do Centro de Unai. Recebe visitantes e romeiros de todo o noroeste de Minas, dos vizinhos Goiás, Distrito Federal e noroeste da Bahia.


No período da festa e romaria, famílias unaienses de tradicionais romeiros também acampam no distrito, que se torna um grande espaço de encontro e convivência. Missas, procissões, batizados, folias, desfile de carros de bois são alguns atrativos da festa.


O dia consagrado a Santo Antônio (do Boqueirão), 13 de junho, é declarado feriado municipal em Unaí desde 2005. À época, entendeu-se que era a oportunidade concedida para que todos os devotos (comerciantes, trabalhadores, estudantes) pudessem ir ao distrito e renovar sua fé e devoção ao santo do dia.


Estima-se que cerca de 10 mil pessoas circulem pelo Boqueirão no dia do santo. O movimento, porém, é bastante expressivo no local durante toda a primeira quinzena de junho.

 

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