Dengue: fumacê é acionado para enfrentar quadro de pré-epidemia

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Nessa terça-feira, 1º/2, chegaram a Unaí (vindos de BH) os veículos-fumacê que a Prefeitura requisitou ao Estado, para enfrentar a escalada nos números da dengue. À tarde mesmo deu-se início ao trabalho de lançar inseticida nas áreas com maior quantitativo de casos positivados: Divineia, Jardim, Canabrava, Cachoeira e outros (quase 30) que ao longo desta semana receberão a visita do fumacê.


Serão três ciclos de aplicação em cada bairro, com intervalo de quatro dias. A cidade foi dividida em quatro programações, e o fumacê passará por todos os bairros durante as próximas semanas, seguindo uma ordem de prioridades: dos bairros com mais quantidade de infectados para os menos.


O Estado só aceita enviar o fumacê aos municípios nos casos em que o índice de infectados aponta para um surto ou pré-epidemia. Nesse ponto, as borrifações de inseticida com bombas costais já não dão conta do excesso de solicitações para bloqueio nos arredores das casas e nos quarteirões onde moram pessoas positivadas. A conta passa para os carros fumacê.


Em Unaí, além da média de 20 infectados por dia durante o mês de janeiro, o último LIRAa (Levantamento de Índice Rápido para o Aedes aegypti) feito entre os dias 11 e 20 de janeiro apontou uma média de 17% no índice de infestação larvária em amostras aleatórias colhidas em 1.613 imóveis dos quatro estratos em que a cidade foi dividida. Em dois dos estratos avaliados, o índice ultrapassou os 23% de infestação.


O indicador é considerado de "altíssimo risco" para epidemia de dengue em Unaí, já que o índice de infestação considerado "aceitável" pelo Ministério da Saúde não deve ultrapassar 1%.


FUMACÊ PASSANDO NA RUA; COMO PROCEDER?


Os veículos "que lançam nuvens de inseticida" passam entre 16h e 21h, momento de maior atividade do mosquito. Nesse momento, o morador deve abrir portas e janelas, para o inseticida penetrar na casa e atingir pontos onde as fêmeas costumam se "esconder".


Cumpre lembrar que a fêmea do Aedes aegypti, ao picar a pessoa para se alimentar de sangue e ganhar forças para pôr os ovos, acaba transmitindo o vírus. E, segundo levantamentos oficiais, o fumacê tem eficácia de 15% na eliminação dos mosquitos. Entre os eliminados, 10% são machos (não transmitem o vírus) e só 5% são as fêmeas-transmissoras.


"Como mecanismo de defesa, as fêmeas se escondem nos cantinhos (pontos escuros) das casas. Não se expõem", explica o supervisor-geral do Centro de Controle de Zoonoses de Unaí, Daniel Caetano dos Santos.


Em razão de as fêmeas ficarem praticamente "invisíveis", a necessidade de abertura de portas e janelas para que o inseticida penetre em "todos os cantos" e elimine o pernilongo.


MAS O INSETICIDA É PREJUDICIAL AO HUMANO?


De acordo com Daniel, recomenda-se que crianças pequenas, idosos, pessoas alérgicas ou com problemas respiratórios (bronquite, asma e outros) não entrem em contato direto com o inseticida. Portanto, no momento em que o carro do fumacê estiver passando em frente à casa, ficarem dentro de um quarto "fechado", por exemplo.


Se essas pessoas "mais vulneráveis aos efeitos do inseticida" estiverem passando pela rua no momento e perceberem que o veículo-fumacê vem na mesma direção, devem procurar um abrigo (um comércio, voltar, desviar da rua), enfim, evitar o contato direto com o produto.


Nos últimos anos, o Ministério da Saúde adotou o Cielo como base ativa do inseticida do fumacê, por revelar maior eficácia na eliminação do mosquito da dengue e menor impacto sobre o ambiente e sobre pessoas e animais. "O Malathion que era usado antes deu problemas, por isso fizeram a troca", explica Daniel.


FUMACÊ NÃO RESOLVE O PROBLEMA "DE BASE" DA DENGUE


O inseticida do fumacê só atinge o mosquito voando, não elimina os "nascedouros". E a única forma de combate efetivo à dengue, segundo Daniel, é não deixar o mosquito nascer.


E isso implica o cidadão pôr em prática as orientações sanitárias e cada um cuidar de sua casa, de seu quintal, de seu lote. Recolher objetos que possam acumular água e eliminar qualquer foco de água parada.


Vale lembrar que um pouquinho de água numa simples tampinha de garrafa, numa sacolinha plástica ou numa casca de ovo já é o suficiente para a fêmea colocar os ovos.


Daniel reconhece que o zelo deve se estender aos imóveis e aos terrenos públicos. E garante que essa é uma preocupação da Prefeitura.


"Os agentes fazem o monitoramento dos terrenos públicos, e a Secretaria de Obras está engajada na limpeza", afirma o supervisor do CCZ, ao admitir que o poder publico deve dar exemplo no comportamento e na conduta, antes de cobrar da população.

 

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