O dançarino e coreógrafo Carlinhos de Jesus, um dos três jurados famosos que participaram do "Movimento Livre – Encontro das Danças em Unaí", realizado na UAI Hermes Martins, na noite de sábado (16/7), ficou tão satisfeito com o que viu que "cobrou" dos organizadores e do prefeito José Gomes Branquinho que no ano que vem o evento seja maior.

O Encontro das Danças (movimento livre que vai da catira ao hip-hop, passando pelo balé, jazz, entre outros vários estilos) é organizado pela Associação (unaiense) Black Dance Style com apoio da Prefeitura de Unaí.

Neste ano (5ª edição), o evento contou com a participação de 175 dançarinos de Unaí, Brasília, Belo Horizonte, Montes Claros, Paracatu, Buritis, Patos de Minas e Luiz Eduardo Magalhães (BA). A Prefeitura é parceira, apoiando o evento com a cessão do espaço, palco, som, iluminação, cortina, convites e divulgação.

"Não foi um investimento alto para o tamanho do evento e pela dimensão que teve. Porque realmente a presença dos jurados valorizou demais. Colocou o festival em outro patamar", comemora a secretária municipal de Cultura e Turismo, Luciana Navarro.

Além de Carlinhos de Jesus (dono de companhia de dança que leva o seu nome no Rio de Janeiro e com atuação em várias frentes, inclusive na Rede Globo), presenças marcantes de Carol Villanova, do Rio de Janeiro, e Thiago Viana, de São Paulo.

Ela, dançarina, professora de dança e atuante nas escolas de samba do carnaval do Rio de Janeiro e outros destaques; ele, coreógrafo e dançarino com experiência internacional, muito atuante no hip-hop, e responsável, entre outros trabalhos, por coreografias no SBT, em São Paulo, e como preparador de Pablo Vittar.

O coordenador e coreógrafo do Black Dance Style em Unaí, Alexandre da Silva (o Xandy), conta que dois fatores chamam a atenção e valorizam um evento de danças (ou festival), inclusive quando há competição: a fama de quem vai julgar e a premiação ofertada aos vencedores. "Essas duas coisas atraem muito os grupos de fora", revela. Além disso, segundo ele, palco adequado com sistema de som e iluminação eficientes completam a estrutura para um evento de sucesso.

"A aprovação por parte dos jurados foi muito importante para nós", assinala Xandy, ao lembrar das considerações de Carlinhos de Jesus e de uma fala de incentivo de Thiago Viana, famoso como jurado na modalidade específica dança de rua. "Xandy, este evento já se expandiu. Não dá mais para chamá-lo apenas de encontro das danças. Se preparem para o ano que vem".

No entendimento de Xandy, o incentivo que os jurados famosos estão dando para que o evento cresça é a senha para batalhar por um festival de danças unaiense nos próximos anos, com irradiação estadual e até, nacional.

E olha que o Encontro das Danças foi criado apenas para reunir num só palco tudo o que havia de danças em Unaí. Como afirma a secretária Luciana, o movimento extrapolou, e muito, o objetivo inicial e já alcançou outro patamar de importância.

APOIO, CORTESIA E PATROCINADORES

Mas para que o evento cresça e apareça cada vez mais, necessita de apoios mais robustos do Poder Público e do empresariado local, como Xandy explica: "por exemplo, precisamos de uma estrutura de palco voltada para a dança artística, um palco profissional, uma concha (acústica), uma equipe profissional de montagem. Isso requer maior investimento".

Com relação aos jurados, a organização precisa se ajustar à agenda dos "famosos". Carlinhos de Jesus e Carol Villanova de tempos em tempos vêm a Unaí, porque são contratados pela Bom Sucesso Escola Montessoriana para coreografar os formandos, que dançam durante a solenidade de formatura. Portanto, a instituição educacional custeia hospedagem e alimentação de seus contratados.

E o coreógrafo Thiago Viana veio de São Paulo exclusivamente para o evento, por meio de patrocínio conseguido com o empresariado unaiense.

O EVENTO DE 2022

Os dançarinos e grupos de dança foram mobilizados por meios digitais, fizeram suas inscrições on-line. Já conhecidos do Black Dance Style de outros eventos, entre os quais o famoso Festival Internacional de Curitiba, no Paraná.

"Por ser a quinta edição do Encontro das Danças em Unaí, a gente trouxe a proposta de uma mostra competitiva este ano e instigamos o pessoal das outras cidades a participar", conta Xandy, comemorando o sucesso. Inclusive, de público. Os 500 ingressos distribuídos gratuitamente foram retirados em menos de duas horas.

No sábado (16), houve as apresentações de palco, e os jurados puderam avaliar e dar nota aos dançarinos. Quem ganhou a maior nota em grupo avançado recebeu premiação em dinheiro. Mais cedo também ocorreram workshops de dança.

No domingo (17), também houve batalhas de dança All Style e Breake Dance (1 versus 1). Os três primeiros colocados receberam premiação em roupas, bonés e acessórios. Cortesias oferecidas por patrocinadores unaienses.

O ORGANIZADOR

Xandy é um dos 24 integrantes do Black Dance Style, associação que organizou o evento. O BDS é um grupo unaiense de hip-hop que existe desde 2008. O grupo segue juntando bagagens adquiridas em encontros e festivais Brasil adentro, ocupando inclusive posições de destaque em competições. "Já ganhamos primeiro lugar em Patos de Minas, terceiro lugar em Brasília e passamos numa seletiva de festival de dança internacional em Curitiba", ele enfatiza.

Integrados em associação, os dançarinos do BDS têm em comum a formação nos projetos sociais que o grupo forneceu em diferentes épocas. Como não são profissionais da dança, os dançarinos atuam nos mais diversos campos de trabalho. Na dança, cada qual com seu estilo singular.

O BDS desenvolve projetos sociais voltados para a dança nos bairros Novo Horizonte, Canaã, Iuna, Cidade Nova e Mamoeiro. O intuito é levar o benefício a 120 crianças e adolescentes com aulas teóricas e práticas no contraturno do horário escolar.

"O dançar é consequência. Tornar-se uma pessoa melhor é o principal foco do nosso trabalho", afirma Xandy. A principal fonte de fomento do projeto é fruto de emenda parlamentar (de vereador) emitida pela Câmara Municipal de Unaí e gerida pela Prefeitura.

Luciana Navarro reconhece a importância do trabalho social (com foco na dança) desenvolvido pela associação (BDS), com base na prevenção e na construção da cidadania de crianças e adolescentes, e conclama a sociedade unaiense a apoiar projetos como este.

"Unaí tem um PIB alto (ou seja, soma das riquezas produzidas). A sociedade, o empresariado de Unaí são muito solidários, especialmente com as causas sociais. Todos podem ajudar os projetos com recursos abatidos no pagamento do Imposto de Renda, sem perdas para esse contribuinte. Inclusive, a Secretaria de Cultura pode orientar (os doadores) sobre os bons projetos, que precisam de estímulo e do apoio financeiro", conclama a secretária.

Os projetos de cunho social também podem, e devem, receber a parceria do poder público: a Prefeitura com seu apoio nas mais variadas frentes (como costumeiramente faz), e a Câmara Municipal, com emendas parlamentares, para também fomentar os projetos.

OBS.: Fotos gentilmente cedidas pela plataforma "Anuncia Unaí".