Santo Antônio do Boqueirão – 275 anos: “Não dá pra contar... só vindo pra ver”

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O prefeito José Gomes Branquinho costuma expressar-se assim durante seus pronunciamentos sobre a bicentenária romaria, que ocorre no singular distrito de Santo Antônio do Boqueirão, distante 44 quilômetros do Centro de Unai. Singular, porque em dias comuns o distrito é habitado por pouco mais de 10 famílias. Durante a festa de romaria, no entanto, a ocupação pode ultrapassar 30 mil pessoas, vindas de variadas localidades: vizinhas (como cidades do DF e Goiás), ou nem tanto (como da Bahia ou São Paulo). E, claro, parte substancial de Unaí.



“A cada ano que passa, nós estamos tendo a oportunidade de melhorar ainda mais a festa. Todos os anos temos um acréscimo. Estamos sempre melhorando”, afirmou o prefeito Branquinho, ao reconhecer o trabalho conjunto que é feito (por prefeitura, igreja, associação de romeiros e parceiros como a Polícia Militar), para obter as melhorias almejadas.

 

Ele destacou a importância da fé das pessoas para fixar e manter o caráter religioso da romaria e assinalou questões paralelas que dão relevo à festa bicentenária: organização e manutenção da infraestrutura para receber os visitantes e romeiros, atividades culturais, celebrações religiosas e ainda a movimentação na sede da associação dos romeiros, nas barracas de comércio, no forró do Venerando ou onde se reúnem familiares e amigos.

 

Os encontros e reencontros entre amigos, colegas, conhecidos também são lembrados pelo prefeito: “O Boqueirão nos dá essa oportunidade de (re)encontrar pessoas, muitas delas que a gente não via há muitos anos”.

 

Mas, para garantir tudo isso, e muito mais, segundo ele, é necessário manter a estrada sempre molhada (para evitar a poeira e dar mais segurança às pessoas, carros-pipa da Prefeitura molham constantemente o acesso), disponibilizar água, coleta de lixo, limpeza, energia elétrica, banheiro e ruas asfaltadas.

 

COM E PARA OS ROMEIROS

 

“Tudo isso é feito com os romeiros, para os romeiros e visitantes, e com muito carinho”, afirmou a secretária municipal de Cultura e Turismo, Luciana Navarro, coordenadora-geral da organização da festa no âmbito da Prefeitura. “Estou muito agradecida e honrada em poder ajudar a fazer esta festa de romaria, que eu considero festa-raiz”.

 

Luciana também ressaltou algumas das manifestações culturais e cenas que resgatam e mantêm vivas as tradições da romaria: romeiros chegando em carros de bois, barcos, bicicletas ou a pé. Formam ainda o grande mosaico as fogueiras, cantorias e, mais recentemente, o concurso de estandartes de Santo Antônio.

 

DEZ DIAS NO BOQUEIRÃO

 

É o período no qual a família Papagaio permanece no distrito por ocasião da romaria. Diretor da Associação dos Romeiros de Santo Antônio do Boqueirão (Arsab) e representando a presidência no ato oficial, Carlos Papagaio elogiou o trabalho e a organização da Prefeitura para estruturar os acessos e o distrito para a festa.

 

“Como é bom ver o Boqueirão lotado”, comemorou Carlos Papagaio, ao lembrar que a romaria atingiu esse ponto de satisfação também como resultado do trabalho dos presidentes da Arsab, os passados (mencionou Edmundo, Adão Salgado, Argeu) e o atual (Dilson Barbosa) – que deram novos ares e novos rumos à associação. “É muito bom fazer parte dessa família”, arrematou.

 

BOQUEIRÃO É UM MILAGRE

 

O frei Geraldo d’Abadia, da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, disse estar feliz pelo espírito de “comunhão e unidade” mantido durante a romaria. Destacou o trabalho da Administração Municipal: “mudou a cara da festa, da estrada, da organização”.

 

O frei chamou de milagre o fato de uma festa daquela dimensão ter um mínimo de ocorrências policiais. “Uma festa com 30 mil pessoas (numa noite) e poucas ocorrências. É a força da comunhão e da união da gente”, afirmou o pároco da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, divisão responsável pela parte religiosa da romaria.

 

A religiosidade ditou a tônica do pronunciamento da vereadora Dorinha Melgaço, representante da presidência da Câmara Municipal no ato: “importante estarmos juntos nesse momento de brindar nossa religiosidade, as nossas crenças, a nossa fé. Construir a vida baseada na fé e no que acreditamos. Que no ano que vem estejamos aqui melhor do que neste ano”.

 

MAIOR PÚBLICO DE TODOS OS TEMPOS

 

Apesar da considerável ocupação (principalmente de romeiros acampados) e da grande movimentação no distrito (de comerciantes, de gente trabalhando, de visitantes, de curiosos e de “farristas”) , as ocorrências policiais foram consideradas “poucas” pela Polícia Militar.

 

As menções são do tenente Renan, ao informar que no sábado (10/6) e na segunda-feira (12/6), o distrito do Boqueirão bateu recorde de público durante a festa de Santo Antônio: cerca de 30 mil pessoas por noite. “Mas, apesar disso (quantitativo considerável), a festa ocorreu de maneira tranquila”, contou o militar.

 

SOM AUTOMOTIVO FOI PONTO “FORA DA CURVA”

 

Como nem tudo são flores, o ponto negativo (digno de menção pelo Frei Geraldo) foi o problema do som automotivo no distrito. O barulho aumentou muito, segundo o pároco. “Foi um desafio este ano, deu muito trabalho”, enfatizou.

 

Para que o problema não se repita (ou fique maior) no ano que vem, frei Geraldo propôs que as forças que fazem a festa se reúnam e discutam uma solução, de maneira pacífica, acolhedora.

 

“O barulho aumentou demais. A gente não pode perder a direção da romaria. Vamos buscar soluções, mas acolhendo e conversando com a juventude, abraçando-a, com amor”, receitou Frei Geraldo. “É um desafio para o ano que vem”.

 

A BANDA MUNICIPAL FOI UM SHOW À PARTE

 

Abrilhantando o ato oficial, a Banda Municipal Lira Capim Branco, sob a batuta do maestro Elias Pires, deu o seu recado. Executou o Hino Nacional, o Hino de Unaí e mandou muito bem ao exibir músicas do cancioneiro regional. Uma atração à parte.

 

Além do show proporcionado pelos instrumentistas de sopro, de cordas e de percussão, a novidade foi a participação dos cantores do coral.

 

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