Educação prepara seminário para pessoas com surdez, deficiência visual e gagueira

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O 1º Seminário de Comunicação Alternativa é uma iniciativa da Secretaria Municipal de Educação (Semed) e visa debater com a classe política, agentes públicos e a população em geral os desafios, direitos, superação e conquistas de pessoas com disfluência da fala (gagueira), deficiência auditiva (surdez) e deficiência visual (cegueira). O seminário ocorrerá no auditório da Câmara Municipal, dia 28 de maio, das 8h às 17h30. Inscrições serão feitas na Semed, rua Natal Justino da Costa, 682, Centro. Para mais informações, ligar 3677-4990.

 

"Sentir e compreender". Esse o mote norteador do seminário, que espera contar com a participação da população geral, mas principalmente de pais, mães e familiares de pessoas com gagueira, surdez ou cegueira. "Os outros precisam saber que a pessoa (gaga, surda, muda) possui dificuldades, possui limitações, ouvir atentamente o que fala e esperar sua vez de falar. Isso é fundamental para não haver atropelo e possibilitar o diálogo. Essa é a compreensão que será acordada no seminário", explica o coordenador-geral do evento, Fábio de Freitas Aguiar.

 

Para o seminário, já estão previstas as participações do psicólogo Willian Garcia, cuja deficiência visual (cegueira) não o impede de exercer suas funções como funcionário do INSS e de possuir sua própria clínica de Psicologia; do presidente e de um fonoaudiólogo da Associação Brasileira de Gagueira, com sede no Rio de Janeiro; e de um professor da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), polo Unaí, que desenvolve relevante trabalho com a Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) e falará sobre a surdez.

 

"Estamos vindo com a proposta de mostrar que gagos, cegos e pessoas com deficiência têm voz e vez dentro da sociedade. Podem trabalhar, atender um telefone, e também desempenhar funções que ninguém imagina", ressalta Fábio, que possui disfluência da fala (gagueira) desde os quatro anos de idade. Essa limitação, que acompanha Fábio vida afora, não o impediu de concluir a graduação em dois cursos superiores (Sistemas de Informação e Filosofia) e uma pós-graduação (Metodologia em Ensino de Sociologia e Filosofia). Fábio é servidor público efetivo da Prefeitura de Unaí há 15 anos e, além disso, mantém canais de comunicação na internet, onde alimenta um blog (Gaguices do Fafábio), um site (www.gaguicesdofafabio.com) e produz vídeos exibidos no youtube.

 

A disfluência da fala, ou gagueira, atinge 5% da população infantil mundial e, desse total, 1% mantém o distúrbio na idade adulta. De acordo com o levantamento das fonoaudiólogas que atuam nos PSFs e na Apae de Unaí, o município reflete exatamente essas cifras. A gagueira é prevalente no sexo masculino (80%) e o controle é feito por tratamento, normalmente por equipe multiprofissional, com intervenção destacada de fonoaudiólogos e psicólogos. As primeiras manifestações da disfluência da fala ocorrem entre os dois e os sete anos de idade. Ainda são muito comuns o bullying praticado contra crianças e adolescentes gagos nas escolas e os risos e piadinhas na vida de relação adulta.

 

"Um por cento das crianças gagas vai para a fase adulta com grande dificuldade de se expressar e de se comunicar, o que provoca vergonha até de procurar emprego. Eu que sofro com a gagueira sei como é difícil conversar com as pessoas. Mas eu já não tenho mais receio, medo de elas estarem rindo por eu gaguejar. Elas têm de sentir, para compreender as nossas dificuldades", conta Fábio, lembrando que sua gagueira é hereditária. "Meu pai e tios paternos são gagos".

 

Histórias de dificuldades, esforço pessoal e de superação como a de Fábio, a do psicólogo Willian Garcia e de outros gagos, cegos e surdos serão contadas e debatidas no 1º Seminário de Comunicação Alternativa de Unaí.

 

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