O auditório do Espaço Zimbrus recebeu, na manhã desta sexta-feira (16/2), cerca de 850 pessoas (entre profissionais da educação e visitantes) para a abertura oficial do ano letivo 2018. O objetivo central do evento foi dar boas-vindas aos profissionais da educação e orientá-los sobre a expectativa da Administração Municipal para o trabalho deste ano. A mesa de autoridades contou com a presença de representantes da Prefeitura, da Câmara Municipal, da Superintendência Regional de Ensino, da Faculdade de Tecnologia de Palmas, da Igreja Iceia, da Igreja Católica e da Fundação Logosófica. A palestrante do dia foi a professora Maria Helena Lopes Câmara de Abreu, formada em pedagogia pela UFRJ e com especialização em Magistério e Administração Escolar. Ela abordou o tema "Educando para uma vida consciente", utilizando a perspectiva dos princípios logosóficos.

Na fase dos pronunciamentos das autoridades, o prefeito José Gomes Branquinho falou do desafio de administrar um município com dimensões territoriais gigantescas e com grande diversidade; ressaltou que o território unaiense é 30% maior que o Distrito Federal e que o transporte escolar percorre mais de 12 mil quilômetros por dia. "É a maior rede de transporte escolar do país", salientou.

Branquinho recordou ainda que a Administração Municipal conseguiu implantar o desjejum para os alunos, mas não conseguiu fazer com que as aulas começassem às 8h nas escolas rurais. A justificativa para a medida, segundo ele, é que crianças e professores costumam acordar muito cedo, às vezes 4 da madrugada, para o início das aulas às 7h.

"Uma hora de sono a mais faz muito bem para as crianças", salientou o prefeito. Como a maioria dos professores trabalha de manhã e à tarde, acaba ficando difícil arranjar uma fórmula para ajuste de horários.

O prefeito pediu aos profissionais da educação uma atenção especial com os alunos. "O que interessa são as pessoas. Tudo o que a administração pública faz só tem sentido se for para cuidar das pessoas".

Porém, no afã de atender interesses da coletividade, Branquinho reconhece que a administração precisa priorizar determinadas ações em detrimento de outras, situação que desagrada alguns. "Porém, temos de fazer o que tiver de ser feito , de forma respeitosa, humana e justa, para atender os interesses coletivos", justifica.

Semed pontua temas do ano

Durante o evento, o secretário municipal Geraldo Magela da Cruz (Educação) pontuou diversos assuntos que serão tratados pela Semed este ano.

Ele mencionou que um dos grandes desafios é regulamentar o Atendimento Educacional Especializado nas escolas. Citou como exemplo a implantação do sistema de Libras para atendimento dos alunos surdos.

Geraldo pediu mais humanização, harmonia e altruísmo nas relações entre profissionais da educação e entre estes e os alunos.

Falou do treinamento de professores para adoção do diário eletrônico nas escolas que, segundo ele, aos poucos será implementado e aprimorado.

Lembrou que há um concurso público da Educação ainda em vigência, com prazo prorrogado para o preenchimento de vagas de cargos efetivos. "Vamos chamar e empossar os aprovados, na medida da necessidade".

O secretário também admitiu dificuldades na área do ensino infantil, principalmente no atendimento de crianças de zero a três anos. Constatou que, para solucionar a demanda, é preciso abrir mais vagas em creches próximas às casas dos solicitantes. Disse que o problema será resolvido.

Especialização

Geraldo Magela ressaltou que havia expectativa de que a Prefeitura pudesse pagar a pós-graduação de professores para o Atendimento Educacional Especializado, o que não se confirmou em razão da situação financeira do município. Segundo ele, os professores estão sem formação para o atendimento de alunos surdos (Libras), cegos (Braile), com deficiência intelectual ou com múltiplas deficiências.

A saída está sendo negociada com a Faculdade de Tecnologia de Palmas, que vai ajustar um curso às necessidades dos professores unaienses, com valores mais acessíveis aos profissionais da rede pública. O curso modular será ministrado na Escola Glória Moreira, nos fins de semana.

Segurança

O secretário também registrou que as escolas municipais estão sendo alvos de ataque de vândalos. Por isso, a Semed terá de aumentar a segurança nas unidades. Levantar muros, colocar grades, instalar câmeras e concertinas estão entre as ações a serem adotadas.

A Semed também intenciona buscar uma parceria com o Corpo de Bombeiros Militar para treinamento dos profissionais da educação, capacitando-os a agir em caso de acidentes. Geraldo Magela rememorou incêndio provocado em creche na cidade de Janaúba que culminou com a morte de alunos e profissionais da educação.

Ideb

Durante o evento, o secretário revelou preocupação com o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. Segundo ele, Unaí teve uma queda no Ideb entre os anos de 2014 e 2017. Nas séries iniciais, ele informou, houve queda - apesar de unaí manter a média.

Mas, os números são desanimadores nas séries finais do ensino fundamental. Unaí figura entre os 100 piores municípios de Minas Gerais. O Ideb é um indicador criado pelo governo federal para medir a qualidade do ensino público no país.

O secretário disse que deverá sentar com equipe de técnicos para traçar projetos e planos, a fim de melhorar o índice unaiense.

Transporte escolar

O transporte escolar acaba sendo um grande gargalo na educação. São 150 linhas de ônibus e mais de 12 mil quilômetros percorridos por dia. A exigência é que, para circular, os veículos tenham até 25 anos de uso.

Mas Semed e Ministério Público querem resolver o problema da antiguidade de alguns veículos, reduzindo o tempo de uso. A cada ano, serão reduzidos dois anos na exigência do tempo de uso do veiculo. Por exemplo, em 2019, só poderão ser contratados ônibus com até 23 anos de uso. E assim, sucessivamente, até se chegar ao padrão desejável, de até 12 anos de uso.

Outro desafio, segundo o secretário, é instalar GPS nos veículos do transporte escolar, para monitoramento do percurso e controle de velocidade.

Outros pronunciamentos

Falaram também o reitor da Fundação Logosófica, José Moreira da Silva Ribeiro e o professor Edival Jacinto, da Faculdade de Tecnologia de Palmas.