Planejamento Familiar existe em Unaí há 20 anos

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Em setembro de 2018, a unidade de Planejamento Familiar – ligada à Secretaria Municipal de Saúde – voltou a funcionar em espaço separado, independente, próprio. Antes disso, durante dois anos o setor funcionou (provisoriamente) dentro da Unidade Básica de Saúde do Canabrava, como medida de contenção de despesas estabelecida pelo gestor anterior. Mesmo ocupando o espaço de uma equipe de PSF, a unidade do Planejamento Familiar cumpriu o mesmo papel que vem desempenhando há 20 anos, ou seja, oferecendo ao casal a alternativa de ter filhos ou não. No local, especialmente as mulheres recebem anticoncepcionais injetáveis ou orais. A partir da unidade, também são encaminhadas as cirurgias de laqueadura, vasectomia, inserção de DIU (dispositivo intrauterino) e ainda o tratamento de lesões pré-cancerígenas femininas.

 

Chegam à unidade de Planejamento Familiar pacientes encaminhados pelas unidades básicas ou PSFs. As mulheres interessadas em fazer a laqueadura (interrupção das trompas para anticoncepção definitiva) e os homens com interesse em se submeter à vasectomia (operação para impedir a circulação de espermatozóides) passam antes pelo clínico da unidade básica de saúde, onde manifestam o desejo.

 

Quando chegam ao Planejamento Familiar, esses pacientes vão assistir a uma palestra de orientação e esclarecimento sobre o funcionamento dos métodos cirúrgicos (definitivos) e as alternativas (anticoncepcionais) à disposição. Se ainda assim o paciente continuar decidido a fazer a cirurgia, vai passar por avaliação com psicólogo, com assistente social e, por último, com o médico. A equipe técnica do Planejamento Familiar é composta por enfermeiro, técnico de enfermagem, psicólogo, assistente social e três médicos ginecologistas.

 

A enfermeira Cláudia Aparecida Sadi Ramos, que é a responsável técnica pela equipe de enfermagem da unidade, destaca que há um intervalo, de no mínimo 60 dias, entre a manifestação do interesse do paciente e o procedimento cirúrgico. "É tudo feito por escrito e datado, com termo de responsabilidade assinado pelo paciente, atestando que está ciente de que o método é definitivo e isentando o SUS de responsabilidade, caso depois (o paciente) venha a se arrepender". Esse protocolo é estabelecido pelo Ministério da Saúde.

 

Apesar de tanto a laqueadura quanto a vasectomia serem métodos reversíveis, a enfermeira ressalta que nem sempre é assim tão fácil. Primeiro, em razão da dificuldade em se conseguir a cirurgia de reversão no próprio SUS, depois pelas consequências que o método reversivo pode trazer, como a gravidez tubária. "Por isso os 60 dias que os candidatos têm para amadurecer o desejo, porque depois de feito, fica tudo mais difícil de reverter", ela explica.

 

Os principais pré-requisitos para os candidatos se submeterem às cirurgias são terem idade mínima de 25 anos e possuírem no mínimo dois filhos vivos, sendo que o caçula deve ser maior de um ano de idade.

 

Laqueadura X  vasectomia

 

Apesar de a vasectomia ser de execução muito mais simples e fácil, a fila de espera para laqueadura ainda é muito maior. São cerca de 600 mulheres esperando pela laqueadura ante 50 homens aguardando a vasectomia. Mesmo reconhecendo um forte fator cultural, Cláudia ressalta, no entanto, que essa realidade está mudando e já se observa um aumento no número de homens tomando a iniciativa de procurar o procedimento.

 

"A vasectomia é mais simples, não requer internação", ressalta Cláudia Ramos. Ela explica que a intervenção no homem é feita a partir de um corte de aproximadamente 1 centímetro na virilha e anestesia local. O homem faz o procedimento no hospital, fica no máximo umas duas horas em observação e é liberado. "A gente orienta o homem a não fazer a vasectomia muito jovem. O homem tem uma longa fertilidade, e a vida muda muito, ele pode querer ter mais filhos". De acordo com a enfermeira, para os interessados, 45 anos seria uma boa idade para o homem optar pela cirurgia.

 

No caso da mulher, a laqueadura só faz sentido até os 42 anos, ou antes do fim do ciclo reprodutivo. A cirurgia feminina, no entanto, é mais complexa, porque abre a barriga da mulher e, por isso exige maior aparato técnico, explica Cláudia. E por ser mais complexa a cirurgia, segundo ela, pode gerar sequelas como qualquer outra intervenção de mesmo porte.

 

Lesões pré-cancerígenas

 

Na unidade de Planejamento Familiar, a paciente também faz tratamento de lesões pré-cancerígenas que acometem principalmente o colo do útero. A médica ginecologista Diva Moreira Rodrigues faz, ainda, acompanhamento de pacientes com alterações na mama. Apesar de o município não realizar procedimentos mais complexos, a médica avalia os resultados dos exames e faz o tipo de encaminhamento adequado a cada caso.

 

No caso dos homens, problemas do aparelho reprodutor são tratados por urologistas em outras unidades de saúde. A própria unidade básica ou PSF se responsabiliza pelo encaminhamento dos casos.

 

Endereço

 

A unidade de Planejamento Familiar de Unaí funciona na avenida Belo Horizonte, 850-A, bairro Cruzeiro. O telefone para contato é o 3676-8765.

 

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