- Foram 221 atendimentos somente na última semana de agosto

- A segurança observada pelos pacientes foi fator decisivo para o retorno, reforçado pela higiene e assepsia dos consultórios e pela proteção dos profissionais de saúde bucal, que trabalham paramentados como numa UTI

- Atendimentos odontológicos (com agendamento no local) são feitos nas unidades de saúde do Politécnica, Cachoeira, Novo Jardim e Mamoeiro; PSF do Canabrava suspendeu o atendimento, porque está em reforma

- Unidade de saúde do distrito de Garapuava será a primeira a ter o atendimento odontológico na zona rural; equipamento previsto para instalação nesta semana

- O atendimento odontológico noturno na cidade, das 18h às 22h, é feito somente no PSF do Novo Jardim

Com o surgimento do novo coronavírus em Unaí, em março de 2020, os atendimentos odontológicos eletivos (que podiam esperar) foram suspensos. Mas, em nenhum momento – mesmo com o agravamento da pandemia –, a população unaiense ficou sem profissionais de saúde bucal de plantão, para atendimentos de urgência e emergência. Com a retomada dos atendimentos "normalizados" em maio de 2021, os pacientes voltaram a procurar dentistas, mas ainda desconfiados. Havia resistência em procurar o serviço odontológico, porque o pessoal ainda tinha receio da covid e pensava que a Prefeitura não oferecia a devida segurança no atendimento. No decorrer dos meses, isso foi mudando. Os que toparam procurar o serviço foram contando para outros que tudo era feito com muita segurança, a propaganda boca a boca funcionou. Na semana passada (última de agosto), ainda com algumas restrições, foram 221 atendimentos (70 somente na UBS Politécnica).

A coordenadora do setor de Saúde Bucal da Secretaria de Saúde, Rejane Borges, explica que o receio dos pacientes em retornar aos consultórios odontológicos foi superado quando viram o nível de segurança oferecido, já que as unidades foram adequadas para fazer o atendimento, com um mínimo de riscos para os pacientes. "Os consultórios passam por um rigoroso processo de higienização e assepsia, entre um paciente e outro. Toda o ambiente (chão, paredes, cadeiras, equipamentos, instrumentos, enfim, tudo) é limpo por profissional que fica por conta. Por isso, houve aumento no tempo de espera entre um paciente e outro [que pode passar de uma hora]. Por exemplo, se numa manhã a gente atendia de 6 a 8 pacientes, hoje atendemos a metade".

Rejane conta que a propaganda boca a boca feita pelos pacientes sobre a assepsia dos consultórios odontológicos e a segurança sanitária observada nos procedimentos foram fundamentais para a retomada "protegida" dos usuários. Ver os profissionais usando equipamentos de proteção individual também foi um impulso a mais para o paciente vencer o receio. "Dentistas e auxiliares são paramentados em nível de UTI. Usam máscara de proteção, face shield (protetor facial) em cima da máscara, capote, luva, propé (protetor para os pés). "Todo esse equipamento de proteção individual é trocado a cada paciente. Estamos investindo alto para garantir a segurança de todos", explica a coordenadora.

Para atender a população, a Secretaria de Saúde dispõe de 43 profissionais de saúde bucal, entre os quais 19 dentistas, 17 técnicos e 7 auxiliares em saúde bucal.

Nem tudo voltou ao "normal"

Mesmo com toda a proteção oferecida aos pacientes, alguns procedimentos continuam suspensos, pelo risco que ainda representam em face da pandemia do Sars-CoV-2. A limpeza com jato de bicarbonato, por exemplo, continua suspensa, por causa da quantidade de aerossóis que o paciente emite na sala, deixando gotículas suspensas no ar. "Se não fizer o procedimento, isso não traz tanto prejuízo para o paciente, e também aumentaria ainda mais o tempo de espera de um paciente para outro", justifica Rejane.

Porém, restaurações, raspagens (remoção de tártaro na raiz do dente), selagens (proteção do dente da criança contra bactérias), pequenas cirurgias, ulectomias (incisão na gengiva para o dente irromper) continuam sendo feitas. "Ou seja, fazemos todos os procedimentos da atenção primária", explica.

Já a atenção secundária, de odontologia especializada (tratamento de canal, cirurgia de gengiva, implante de dentes, traumatismos de acidentes), ainda não é ofertada pela Prefeitura. "Isso demanda um Centro de Especializações Odontológicas (CEO), que ainda não temos, e dentistas especializados – periodontista, endodontista, ortodontista, implantodontista, entre outros). É de alto custo".

Onde procurar atendimento odontológico

Unidades de saúde do Politécnica, Cachoeira, Jacilândia, Novo Jardim, Mamoeiro. O posto do Canabrava suspendeu o atendimento temporariamente, por motivo de reforma. Profissionais que lá atendem serão realocados para essas outras unidades. O usuário pode procurar diretamente qualquer uma dessas unidades para o atendimento odontológico.

Somente a unidade do Novo Jardim ofertará o atendimento noturno, das 18h às 22h, a partir de 1º de setembro.

Com relação à zona rural, a coordenadora entende que o território unaiense é vastíssimo e, por isso, o atendimento não consegue contemplar a todos. A alternativa encontrada, por ora, é enviar técnicos em saúde bucal até as localidades e estimular os mais necessitados a buscar o atendimento na cidade. "Quem consegue chegar aqui, nunca encontra porta fechada. Mas sabemos das dificuldades das famílias", ressalta Rejane.

Orientações à comunidade rural

Na última quinta-feira (26/8), um técnico de saúde bucal esteve no distrito de Boa Vista. Nesta terça (31/8), foi a vez de Ruralminas. O TSB concilia seu trabalho com a equipe que realiza consultas de enfermagem. O técnico faz palestra informativa e distribui kits de higiene dental para os usuários.

Durante a palestra, o técnico fala sobre doenças da boca, alimentação saudável para os dentes, escovação correta e higiene dental. E orienta sobre os encaminhamentos para os consultórios odontológicos da cidade e marcação de consultas. Quem está no posto de saúde leva para casa um kit com escova, creme dental e fio dental.

A intenção da coordenadoria de saúde bucal é que os kits cheguem às comunidades, assentamentos, fazendas e escolas da rede rural. Rejane conta que, por mais que um kit pareça banal, ele tem grande serventia para famílias com muitos filhos que vivem em áreas distantes. "Pensa uma família com oito filhos? É uma ajuda significativa esse kit", Rejane observa. "Muita gente vinha da zona rural só para pegar esses kits", revela. "Agora fazemos o máximo para levar até eles".

Nas escolas

Com as escolas retornando à "normalidade", os técnicos em saúde bucal também retomam os programas de palestras, orientações, informações sobre técnicas de higiene dental e prática de escovação passadas para os alunos.

Esse retorno, no entanto, ainda será planejado em conformidade com os protocolos sanitários de segurança contra a covid-19. "Antes, vamos passar o treinamento para os técnicos, de acordo com o que consta nas notas técnicas do Ministério da Saúde", observa Rejane. Um jeito "novo" do que fazer e como fazer em época de pandemia.