Enfermeiras representantes do Pronto-Atendimento do Hospital Municipal, do Centro Caic (referência em covid e dengue) e da Atenção Primária (unidades básicas de saúde e PSFs) passaram por um treinamento na manhã desta sexta-feira (6/5). O principal objetivo do treinamento foi preparar os serviços de saúde para atender da maneira mais adequada os casos suspeitos de dengue, habilitar as profissionais de enfermagem para triagem e classificação de risco dos pacientes, reconhecer precocemente as formas graves da dengue e direcionar para a consulta médica (conforme a classificação).

A enfermeira Núbia Custódio, que é responsável pelo Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Municipal de Unaí, coordenou o treinamento. Ela preparou material de consulta e abordou temas como aspectos gerais/espectros clínicos da dengue, e que tipo de atendimento ofertar ao paciente com suspeita da doença.

Quando o paciente chega à unidade com sintomas ou sinais de dengue (sinais leves ou sinais de alarme), a enfermeira deve classificá-lo em um dos quatro grupos (a, b, c, d) para priorizar o atendimento: a) atendimento de acordo com horário de chegada; b) prioridade não urgente; c) urgência, atendimento mais rápido possível; d) emergência, paciente com necessidade de atendimento imediato.

Foram abordados ainda a caracterização de cada um desses grupos e a conduta específica para o atendimento de cada qual. E reforçadas as orientações e indicações para internação hospitalar e os critérios para a alta do paciente.

ORIENTAÇÃO SOBRE AS PLAQUETAS DO SANGUE

A coordenadora do Laboratório Municipal, Eliane Baia, também conversou com as enfermeiras sobre orientação hemoterápica, envolvendo principalmente aspectos relacionados à contagem de plaquetas (componente do sangue responsável pela coagulação). As plaquetas costumam cair muito em indivíduos com dengue.

Num quadro de gravidade em que as plaquetas do sangue do paciente de dengue caem a um volume menor ou igual a 5.000 mm³, há necessidade de transfusão de concentrado de plaquetas.
E a agência transfusional unaiense está sob responsabilidade do Laboratório Municipal. De acordo com o protocolo, é recomendável que todas as transfusões sejam discutidas com o responsável técnico pela agência transfusional.

No treinamento, as enfermeiras tomaram conhecimento sobre os tipos de sangramento que podem acometer os pacientes com dengue, a ação executada conforme o tipo, a frequência da dose e a necessidade de monitoramento laboratorial (hemograma + contagem de plaquetas). Para todos os casos - recomenda o protocolo - é necessária a avaliação médica continuada.

Os médicos também passarão por um treinamento para reforçar os protocolos de atendimento. No início de abril, houve um primeiro treinamento geral sobre dengue para médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem.

Conduziram o treinamento um médico infectologista, que falou sobre diagnóstico diferencial (diferenciar sinais e sintomas parecidos em outras doenças), e uma médica intensivista, que abordou os casos graves de dengue. A de tipo hemorrágica vem causando óbitos, inclusive em Unaí.

DENGUE AGRAVADA

A opinião geral entre as profissionais presentes ao treinamento é de que os sintomas da dengue este ano estão mais graves do que em anos anteriores. Como não foi feito um estudo consolidado para referendar a percepção, elas dizem desconfiar de que pode haver uma associação com a covid-19.

A infecção por coronavírus (SARS-CoV-2) pode ter agido sobre o sistema imunológico de pacientes, enfraquecendo as defesas naturais. Alguns contraíram covid, depois dengue. E outros, tiveram dengue e covid simultaneamente.

CRIANÇAS E DENGUE

As crianças também são alvo e aparecem nas contagens do dia a dia. Somente no último sábado de abril, portanto em um só dia, 35 crianças foram classificadas (por pediatra) para atendimento de dengue no Pronto-Socorro (P.A.) do Hospital Municipal. Há casos sendo registrados também em hospitais particulares de Unaí.

Na tarde de ontem (5/5), 34 pedidos de exames foram expedidos apenas no Centro Caic e encaminhados para o Laboratório Municipal. E os números seguem crescendo.

Mas, há expectativa de queda nas próximas semanas epidemiológicas, já que atingimos a 18ª semana, e a experiência mostra que os casos de dengue começam a retroceder em torno da 20ª semana epidemiológica.

Mas, enquanto a curva não desce, a Secretaria Municipal de Saúde tem agido intensamente (há mais de 90 dias) na prevenção e combate à dengue com uma série de ações efetivas, tanto no enfrentamento do mosquito (forças tarefas para eliminação de criadouros, uso de larvicidas, utilização do fumacê para matar os mosquitos nas ruas e inseticida direcionado dentro das casas), quanto no atendimento dos pacientes (abertura de unidade de referência – Centro Caic – e treinamento dos profissionais da linha de frente para atendimento do paciente de dengue nas diversas unidades de saúde).