Semana de Aleitamento Materno: “Não existe leite fraco, existe bebê que 'pega' a mama de forma incorreta”

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Um dos mitos mais enraizados entre as mães em fase de amamentação é que seu leite é fraco, ou que o peito não tem bico, e isso dificultaria ou mesmo impossibilitaria a amamentação do bebê. Para a consultora em amamentação Vannina Carvalho, tudo isso não passa de mito e, portanto, esses mitos devem ser superados por informações corretas. E essas informações corretas ou orientações adequadas serão repassadas nos PSFs de Unaí durante a Semana Mundial do Aleitamento Materno, de 1º a 6 de agosto. O tema da campanha internacional deste ano é "Fortalecer a amamentação: educando e apoiando".


E o tema deverá ser desdobrado e desenvolvido em todos os PSFs de Unaí (no Agosto Dourado) em palestras para a comunidade local, começando pelo PSF do Mamoeiro, na manhã desta quarta-feira (27/7). PSFs do Politécnica, Caic, Divineia, Jacilândia e Novo Horizonte já estão agendados para a primeira semana de agosto, que terminará com um grande Mamaço na Praça JK (da Prefeitura), na manhã de sábado (6/8). Será programada ainda, dentro da semana, uma capacitação específica para os profissionais de saúde que atuam com mães e bebês nos PSFs e no Hospital Municipal.


Um dos objetivos, segundo Vannina Carvalho, é reforçar as orientações para os profissionais que já atuam e promover orientações para os novos concursados que estão ingressando (ou recentemente ingressaram) na estrutura da saúde pública municipal e, muitos provavelmente não estão familiarizados com a metodologia de abordagem das mães lactantes.


"Além de derrubar mitos, orientar a mãe lactante sobre como ela pode fazer uma extração do próprio leite, a forma correta de pegar o bebê, como o bebê deve fazer a pega da mama para uma sucção satisfatória. Essas e outras questões precisam ser abordadas, tornar tudo isso uma fala comum, retirando inclusive os mitos que existem na amamentação", ensina a consultora, que trabalhou por mais de 30 anos com bebês prematuros e prestando orientações em banco de leite.


MITOS


Voltando aos mitos que as mães lactantes mais acalentam para justificar o desmame do bebê, Vannina explica que não existe leite fraco. Ela reforça que o leite materno é o principal alimento do bebê e já vem adequado para sua nutrição. Portanto, não tem leite fraco. O colostro (primeiro leite que desce depois do nascimento do bebê), segundo ela, é a primeira vacina do bebê e importantíssimo nos primeiros sete dias de vida da criança. E o leite materno seguirá como o principal alimento nos seis primeiros meses, excluindo a necessidade de o bebê ingerir água, chá ou qualquer outro líquido nesse período.


O próprio leite, que algumas mães pensam ser fraco (e não é), é apropriado para o filho e tem todos os nutrientes de que o bebê necessita. "Em termos de proteínas, vitaminas e gorduras, o leite é próprio para o bebê", afirma a consultora. "Se a mãe entra em contato com um vírus, até mesmo o da covid, o leite vai minimizar as possíveis consequências no bebê, até mesmo impedindo a contaminação com o vírus".


Outro mito que algumas mães acolhem e reproduzem para justificar o desmame é o fato de o peito não ter bico, o que impossibilitaria a amamentação do bebê, segundo dizem acreditar. O tema traz muitas dúvidas e é um dos mais controvertidos na matéria sobre o aleitamento materno. "A mulher acha que não pode amamentar, mas a anatomia da mama não tem nada a ver", explica Vannina.
Segundo ela, o leite sai é na aréola (a parte mais escura do peito). "Então, o importante é a gente sempre ensinar a pega correta (pôr a boca do bebê para sugar a aréola)". O que efetivamente faz uma mulher não amamentar o seu bebê é a pega incorreta, conforme Vannina precisa explicar em todas as palestras ou orientações que ministra.

 

"Porque a produção de leite diminui, o peito machuca, dói. E o bebê nunca vai estar satisfeito. E provavelmente não vai engordar o suficiente, conforme a tabela de pesos e medidas. Mas o leite materno é sempre apropriado".


E sugando corretamente o seio (conforme os profissionais orientam), o bebê que é amamentado forma um vínculo muito grande com a mãe, desenvolve mais a musculatura da face e, como efeito, vai facilitar processos como a fala, a leitura, a escrita, o desenvolvimento escolar. Os benefícios da amamentação e do aleitamento materno seguem tendo consequências vida afora, na faculdade, no trabalho, na vida de relações como um todo.


MUDANÇA DE MENTALIDADE


Vannina Carvalho enfatiza que há cerca de 30 anos presta consultoria nos hospitais particulares de Unaí e há 7 anos atua como voluntária nas campanhas públicas unaienses de incentivo ao aleitamento materno, principalmente por ocasião do Agosto Dourado.


E nos últimos anos, segundo ela, as campanhas surtiram um efeito surpreendente na mentalidade das mulheres. "Eu fico muito feliz, porque houve uma maior conscientização. Hoje, eu vejo muitas mães falando que querem amamentar seus filhos, muito mais do que eu via quinze anos atrás. Antes, a maioria trocava o leite materno pela fórmula (leite artificial, processado)".


Ela atribui essa maior conscientização às campanhas de informação e orientação desenvolvidas pelas estruturas de saúde pública (políticas públicas de saúde) e do apoio dos meios de comunicação e das mídias sociais.


HORA DO MAMAÇO


Outro ponto alto da semana é a Hora do Mamaço. Unaí completa em 2022 a sétima edição do evento, que tem por objetivo reforçar na consciência da mulher o direito que ela tem de amamentar seu bebê onde ela bem quiser e na hora que bem entender, inclusive em locais públicos. Por isso, o Mamaço unaiense ocorre na Praça JK, da Prefeitura, espaço aberto e com grande movimentação de pessoas.


"Há uma lei que garante a salvaguarda à mulher que amamenta. Ela pode fazê-lo em qualquer lugar, onde sentir vontade. Se alguém fizer ato contra, essa mãe pode acionar a polícia. E o infrator terá de responder pelo ato", Vannina salienta.


Para mostrar a força do Mamaço, o ato foi realizado mesmo durante a pandemia do novo coranavírus, mas de maneira virtual on-line. O mesmo ocorrendo com a campanha de incentivo ao aleitamento materno, que nos dois últimos anos ocorreu de forma não presencial. As lives nas plataformas digitais tomaram o lugar do encontro interpessoal, do olho no olho, da boa roda de conversa que ora se inicia. Ao vivo e em cores.


E que o impacto das orientações e da boa conversa entre profissionais e mães alcancem também pais, maridos, companheiros, filhos, enfim, toda a família, essenciais no incentivo e apoio ao aleitamento materno. Incentivo e apoio esperados também do Estado (e suas políticas públicas) e da sociedade, incluindo empregadores de lactantes.

 

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