Resultado de Índice de Infestação Larvária aponta risco altíssimo de epidemia de dengue em Unaí – PMU vai intensificar ações de combate e prevenção

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Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (LIRAa) realizado pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), entre os dias 9 e 17 de janeiro, revelaram índices considerados “altíssimos” e jamais verificados em Unaí, desde que essa modalidade de levantamento vem sendo realizada. Um índice médio de 21,9% coloca a cidade em situação de alerta máximo, já que o preconizado pelo Ministério da Saúde é um índice aceitável de até 1%.


“O LIRAa nos revela um risco altíssimo de uma nova epidemia em Unai”, alerta a médica veterinária do CCZ, Juscely Carolina Carneiro (Carol). O risco se revela particularmente preocupante face ao perigo da introdução de um novo subtipo do vírus da dengue na cidade ou de algum novo tipo viral de zika ou chicungunha.


De 1º a 26 de janeiro, a Secretaria Municipal de Saúde já registrou 675 casos suspeitos de dengue em Unaí, com 199 pacientes positivados. Os registros de casos positivos apontam que há pacientes de quase todos os bairros da cidade, mas a maioria é moradora do bairro Novo Horizonte.


De acordo com a enfermeira Sheila Mendes, da coordenação de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde, os pacientes acometidos de dengue sofrem, principalmente com dor no corpo, na cabeça (atrás dos olhos), dor nas articulações, náusea, vômito, cansaço, prostração.


Sintomas que, segundo ela, duram entre 7 e 10 dias. Durante o período, o remédio principal é hidratação e repouso. Em casos mais graves (e mais raros), os pacientes podem desenvolver a dengue hemorrágica e até irem a óbito.


ÍNDICE DE INFESTAÇÃO EM BAIRROS DO ESTRATO 2 ATINGIU QUASE 30%


A cidade é dividida em quatro estratos para a realização do LIRAa. Para a amostragem, proporcional ao tamanho do bairro e ao número de habitantes, foram visitados 1.313 imóveis nos quatro estratos. Em todos eles, os índices foram assustadores, quando se leva em conta que o aceito pelo Ministério da Saúde não pode ultrapassar 1%.


O estrato 2 é o mais preocupante, em razão de seu índice chegar a 29,3% de infestação larvária. O estrato é formado pelos bairros Politécnica, Cachoeira, Loteamento Rio Preto, Itapuã, Capim Branco, Jacilândia, Centro, Nossa Senhora do Carmo, Cruzeiro, Barroca, Capim Branco 2, Vila do Sol e Capim Branco 3.


Os outros três estratos (conjunto de bairros vizinhos), embora com menor índice, também são igualmente fontes de preocupação.


AÇÕES DE COMBATE E PREVENÇÃO


Diante da situação de alerta, os agentes vão intensificar os trabalhos já feitos rotineiramente, nas visitas de casa em casa, para atividades de inspeção, orientação dos moradores (para eliminação dos criadouros do mosquito) e aplicação de larvicidas em focos existentes.


Porém, há uma agravante: o município atravessa uma situação de desabastecimento de inseticida (específico para matar o mosquito), que deveria ter sido enviado pelo Ministério da Saúde, mas isso não ocorreu. A expectativa é que o estoque seja regularizado no mês de março.


A intensificação das ações de educação preventiva (que são devolvidas no decorrer do ano) será direcionada às escolas (com a volta às aulas) e aos PSFs do município, além da realização de blitze educativas que serão promovidas em pontos mais movimentados da cidade.


“Vamos utilizar todos os artifícios disponíveis para agir na tentativa de combater e prevenir o aparecimento de novos casos”, afirma o supervisor-geral de combate a endemias, Daniel Caetano.


FORÇA-TAREFA


O município já considera a possibilidade da contratação de “agentes” para a formação de uma grande força-tarefa de enfrentamento à dengue ainda no fim deste mês, para trabalhar durante todo o mês de fevereiro.


Os agentes atuarão na remoção de objetos e recipientes inservíveis que estão nos domicílios unaienses e que possam acumular água.


A ideia é promover uma ação de “limpeza geral” em domicílios unaienses durante 30 dias, para eliminação de focos e criadouros, iniciando pelos bairros mais ameaçados.


“A programação é para cerca de 30 dias de serviço intenso, com ações educativas, atividades de manejo ambiental e tratamento de rotina, com os agentes percorrendo todos os bairros da cidade.
Primeiramente, os bairros com maior índice de infestação de larvas”, observa Daniel Caetano.


A necessidade dessa força-tarefa ficou evidente pelo resultado do LIRAa e foi ratificada durante reunião de trabalho que envolveu técnicos do CCZ, gestores da Secretaria de Saúde, da Secretaria de Obras e Serviços Urbanos, e da Fiscalização de Posturas do município.


MAIOR PARTE DOS FOCOS NOS QUINTAIS


Pratinhos de plantas, recipientes de plástico em geral, sucatas em fundos de quintal estão entre os locais onde o LIRAa encontrou a maior quantidade de focos de larvas do mosquito.


Carol lembra que a fêmea do mosquito deposita ovos onde tem água parada. Dentro de três dias, os ovos eclodem e se transformam em larvas. Mais quatro dias e viram pupas e mosquito adulto. “Da ovoposição ao mosquito adulto (ovo-larva-pupa-mosquito) é um prazo de aproximadamente dez dias”, afirma.


Por isso, interromper o ciclo de reprodução do Aedes aegypti é medida que se impõe quando o assunto é prevenir e combater a dengue (ou até zika e chicungunha).


“A gente pede a atenção do cidadão para que tire dez minutos, duas ou três vezes por semana, para fazer uma vistoria no quintal, dar uma olhada no vasilhame de água dos animais, das aves (galinheiros), retirar materiais inservíveis que posam acumular água. Já vai ter grande impacto no controle dos mosquitos”, diz a veterinária.


Vale lembrar também de outros locais que possam acumular água parada e podem se tornar foco criadouro do transmissor: bandeja do climatizador, bandeja da geladeira, vasos de plantas, garrafas, latas, sacolas plásticas, pneus, copos e pratos descartáveis.


Ainda há os possíveis criadouros “invisíveis”, como água empossada em calhas entupidas, lajes, telhados. “Verificar sempre também em cima da casa", Carol sugere. "É preciso incorporar isso de forma prática no cotidiano do cidadão e tornar isso um hábito”.


FUMACÊ NÃO É SOLUÇÃO


É só surgirem casos de dengue para a população pedir a atuação do veículo fumacê. Os técnicos, no entanto, cansam de afirmar que o fumacê não resolve o problema (interromper o ciclo de reprodução do mosquito).


O veículo despeja litros e litros de veneno no ar, com impacto (ainda que baixo para a maioria) na saúde das pessoas, plantas e animais, sem resolver tanto.


“O fumacê só mata o mosquito voando. Nem o mosquito escondido em casa, às vezes ele mata. Por isso, sempre falamos que é preciso combater os locais de reprodução do transmissor, onde a água fica parada, onde a fêmea põe os ovos que eclodem e viram larvas”, afirma Daniel Caetano. “Então, a solução não é fumacê. É interromper esse ciclo de reprodução do transmissor, que se repete”.


Vale lembrar que o veículo fumacê é liberado pelo Estado para os municípios que já se encontram em situação de surto ou epidemia. E, para conseguir a liberação, é todo um processo.


E é reforçando o que todo mundo já sabe, porque vem sendo dito (e repetido) há mais de duas décadas, mas que muita gente faz ouvidos surdos ou faz questão de esquecer, a enfermeira Sheila Mendes arremata:


“O que resolve é a ação de cada um, lá na sua casa, no seu trabalho. Ações de prevenção. Resolve é com limpeza e remoção dos criadouros do mosquito”.

 

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