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Gestores apresentam situação da Saúde Municipal aos vereadores
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O secretário de Saúde, José Juliano Espíndula, a diretora administrativa do Hospital Municipal, Eliane Baia, e o médico regulador do município, Dalbert Dutra foram à Câmara Municipal, durante reunião ordinária dos vereadores, nessa segunda (5/5), para fazer uma exposição de parte do sistema de saúde pública aos representantes da população.

SÍNDROME RESPIRATÓRIA

O secretário José Juliano falou sobre o problema da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) que, na madrugada do dia 30 de abril para 1º de maio, provocou o maior índice de ocupação dos leitos do Hospital Municipal nos últimos dois anos. Foram 100% de leitos ocupados, incluindo macas e cadeiras. Extrapolou-se a capacidade do HMU nesse dia.

De acordo com o médico Dalbert, a SRAG motivou a internação de 17 crianças nas duas últimas semanas, situação que extrapolou o normal: que são duas ou três internações de crianças no mesmo período (em duas semanas).

E segundo o médico, não se consegue fazer “compra de leitos”, porque há deficiência de leitos de alta complexidade em toda a região. Ele revelou que, na semana passada, ligou para 22 hospitais em busca de vaga para UTI Pediátrica, mas não havia nenhum leito vazio.

Patos de Minas, Montes Claros, Paracatu, tudo lotado. E por Unaí estar na região da Ride (Região Integrada de Desenvolvimento do Entorno), tentou-se inclusive no Distrito Federal (também em vão), que está sob decreto de estado de calamidade, por não ter onde colocar doentes.

Diante de um quadro de possível agravamento, inclusive com o atendimento dos dez municípios que pertencem à regional de saúde de Unaí, o prefeito Thiago Martins decretou o município em situação de emergência em Saúde Pública.


Eliane Baia afirmou que, nesta semana, serão feitas adequações físicas no Hospital Municipal para atendimento de casos da síndrome respiratória. “Porque os pacientes não podem ficar misturados com outros. Principalmente as crianças, que são um caso mais grave”.

ESTRUTURA DO HOSPITAL

José Juliano justificou que o Hospital Municipal foi construído para atender uma população de 30 mil habitantes, mas que hoje atende mais de 180 mil de toda a região, incluindo os mais de 86 mil habitantes somente de Unaí.

“Quanto à questão da estrutura física, o hospital não comporta mais nada. Nós temos um complexo hospitalar superlotado, pronto socorro com superlotação, hospital e suas enfermarias com superlotação, UTIs com superlotação”, disparou a diretora Eliane Baia.


O médico Dalbert Dutra enfatizou que mesmo que o paciente esteja aguardando (nas dependências do hospital, ainda que com algum desconforto), ele está recebendo toda a assistência. “Pode ser que não tenha conforto, por causa da falta de estrutura, mas a medicação e a assistência (dos profissionais de saúde) estão sendo prestadas”.

Para se ter uma ideia, de acordo com estatística fechada em 30 de abril, em quatro meses já haviam sido atendidos 32.500 pacientes no Pronto-Atendimento do Hospital Municipal. Sem contar a UBS/ESF Politécnica, que somente no último sábado (3/5), atendeu 132 pessoas.

O atendimento não para. A complexidade aumenta. No P.A, o foco deve ser no paciente grave. “A maior parte dos problemas é causado por um paciente que não deveria estar no pronto-atendimento, porque o caso dele não é de urgência e emergência”, destacou o doutor Dalbert.

CONTRATAÇÃO DE PESSOAL

A diretora do Hospital Municipal explicou aos vereadores que a unidade está trabalhando com a mesma equipe, que não houve nenhuma contratação nos últimos 125 dias. “Com superlotação e a mesma equipe. Estamos pagando horas extras. Nossos profissionais estão exaustos. E não estamos falando somente de médicos e pediatras. Mas de condições de trabalho para enfermeiras, técnicos de laboratório, técnicos de coleta, técnicos de gesso, técnicos de raios-X, uma cadeia de profissionais”.

Em sua fala aos vereadores, o secretário disse que há grande preocupação com a equipe de profissionais do hospital, “que é pequena”. Segundo ele, há vagas disponíveis para novas contratações. Para isso, a Sesau está pedindo que os aprovados em concurso tomem posse imediatamente.

“Vamos contratar mais seis enfermeiras. Precisamos de médicos 24 horas. De mais 16 técnicos de enfermagem. Vamos abrir mais 15 leitos e abrir o bloco infantil. E ainda mais 4 fisioterapeutas, profissional importante para fazer as manobras de respiração em atendimento a essas síndromes respiratórias. E preciso de técnicos em laboratório, sabemos. Vamos buscar na lista de concursados”.


PEDIATRA

José Juliano explicou que a dificuldade de contratação de pediatras não é só em Unaí, mas no país inteiro. Segundo o secretário, o pediatra é um profissional caro e difícil de ser contratado. Ele conta que as pessoas chegam ao PSF já querendo ser atendidas por um pediatra, e este profissional não quer atuar em emergências. 

O médico Dalbert afirmou que a ausência de pediatras no Hospital Municipal não é por falta de procura, mas porque os profissionais não têm interesse. Quanto à ausência de leitos de UTI Pediátrica, ele revelou que é um problema de todo o Estado de Minas.

“E quem está nas UTIs pediátricas são médicos emergencistas, que não são pediatras. Quando se trata de socorro (urgência e emergência), ninguém vai questionar se o médico é pediatra, ginecologista”.

Para as situações do dia a dia, José Juliano explica que “O PSF é a porta de entrada do serviço de saúde pública. Lá a pessoa vai encontrar o médico generalista , que atende todas as patologias e resolve a maioria dos casos. E se não consegue resolver, aí sim, encaminha para o especialista”. Mas a pessoa, o paciente, já quer direto um especialista. Isso torna a situação mais difícil.

“A demanda de chegar e procurar somente o pediatra, ainda não podemos ofertar. O nosso apelo é para que a Câmara Municipal, e quem participa das discussões, nos auxiliem, exatamente para reforçar (junto ao cidadão) a busca pela atenção básica (PSF), para desafogar o pronto-atendimento”, solicitou o médico.

De acordo com ele, no mês de abril, teve dia que o P.A. chegou a fazer 130 atendimentos de pediatria dentro de 24 horas. “Chama a atenção, porque muitos desses atendimentos podiam ser feitos em unidades básicas de saúde (ou PSF). Então, há essa ausência de procura pela atenção básica”.

Uma alternativa, no caso de pediatras, segundo José Juliano, é contratar emergencialmente um serviço de telemedicina de pediatria. Se um clínico geral estiver consultando uma criança e precisar de uma orientação pediátrica, acionará o pediatra on-line que, do outro lado da tela, responderá as consultas.

LABORATÓRIO

Outra medida aventada pelo secretário de Saúde foi implementar postos de coleta de material para laboratório nos PSFs, para que a pessoa não precise ir ao laboratório do Hospital Municipal.

SISTEMA DE REGULAÇÃO

O secretário explicou que a regulação não funciona como sistema de marcação de exames, como muitos pensam ou gostariam que fosse. Quando o pedido chega à Central de Regulação, o médico regulador vai verificar a necessidade do pedido do exame que o clínico ou outro profissional de saúde solicitou. “O regulador vai verificar se (a condição do paciente) precisa realmente (do exame)”.

Isso porque estão sendo feitos uma quantidade enorme de exames e o paciente sequer está indo buscar os resultados. “São pilhas de exames. Dinheiro público gasto, e que o paciente não busca para mostrar para o médico. Precisamos regular o sistema, senão é dinheiro jogado fora”.

AUDIÊNCIA PÚBLICA

A cada quatro meses, gestores da Saúde Municipal precisam prestar contas do serviço ofertado à população. Quanto foi gasto do orçamento com saúde, como foi gasto, com que tipo de serviço prestado, quais e quantos atendimentos, investimentos a serem feitos, enfim. Isso precisa ser apresentado à população em audiência pública.

“Vou mandar um ofício aqui para a Câmara e quero contar com a presença de todos os vereadores. E peço que vocês mobilizem o líder do bairro, a população, para que todos participem e ajudem no direcionamento e em correções de rumo que precisamos fazer”.

CONFERÊNCIA DE SAÚDE

José Juliano também convidou os vereadores a participarem da Conferência Municipal de Saúde, que será realizada nos dias 21 e 22 de maio, no Salão Rural do Parque de Exposições. “Coloquem na agenda. Mobilizem a equipe de vocês. Porque é da conferência que saem as propostas e sugestões para os próximos quatro anos da gestão da saúde municipal”.

Ele explicou que a conferência é o local e momento adequados para as pessoas reclamarem, levarem sugestões, ajudarem a construir um sistema de saúde melhor para todos. “E é pela elaboração do plano, com base na conferência, que vamos seguir por três anos, e o primeiro ano do próximo mandato”.

OUVIDORIA

O secretário contou ainda aos vereadores que o município instalará o sistema de ouvidoria do SUS, ação que permitirá ao cidadão ser ouvido em suas sugestões, reclamações e elogios ao serviço público de saúde municipal. E todos os cidadãos que acionarem a ouvidoria terão seus contatos respondidos por este canal de participação pública.



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